Sociedade de massa

09/04/2012 19:08

 

O surgimento da sociedade de massa
A Segunda Revolução Industrial acelerou o processo de urbanização na Europa e nos Estados Unidos. Nas grandes cidades, formaram-se enormes mercados produtores e consumidores.

O crescimento populacional

Na Europa, principalmente nas áreas industrializadas, e nos Estados Unidos houve um enorme crescimento populacional. Para se ter uma idéia, em 1900 a população européia era de 430 milhões, mais que o dobro de cem anos antes, apesar da emigração.
O crescimento populacional veio acompanhado do crescimento das cidades. Por volta de 1910, 41% dos habitantes da Europa industrializada e dos Estados Unidos viviam nas cidades, mais que o dobro do ano 1850. Desse total, mais da metade morava em cidades com mais de 100 mil habitantes.
Os principais fatores do crescimento populacional foram a melhoria na alimentação, os avanços na medicina e a industrialização.

*A melhoria na alimentação foi possível graças à expansão mundial das áreas agrícolas, principalmente de cultivo de trigo. Ao iniciar o século XX, os Estados Unidos, o Canadá, a Rússia, a Argentina e a Austrália se destacavam como os maiores produtores de trigo.

*Os avanços na área médica. A instalação de hospitais infantis e de maternidades, políticas sanitárias de combate à cólera e a descoberta da vacina contra a varíola provocaram a queda da mortalidade, em especial nos países ricos.

*A industrialização foi o principal fator para o crescimento populacional. A mecanização da agricultura e o uso de fertilizantes permitiram a ampliação da produtividade do solo, enquanto a expansão das indústrias ofereceu uma nova fonte de sustento para a população.

Apesar de o aumento populacional ter sido maior nas áreas industrializadas da Europa e nos Estados Unidos, o continente asiático continuou sendo o mais populoso do planeta.

As migrações ultramarinas

O crescimento populacional na América deveu-se principalmente à entrada de imigrantes europeus. Entre 1815 e 1915, cerca de 35 milhões de pessoas, do norte, do centro, do leste e do sul da Europa, abandonaram seus países para viver em outros continentes. A imensa maioria dos imigrantes era formada dehomens jovens, procedentes das zonas rurais e sem qualificação profissional. Eles saíram de seus países motivados pela falta de trabalho, pela mecanização da agricultura e pelos longos períodos de seca.

O destino principal dos imigrantes foi o continente americano, cuja população saltou de 30 para quase 160 milhões entre 1800 e 1900. Apenas nos Estados Unidos, para onde se dirigiu a maior parte dosimigrantes,entraram mais de 30 milhões de pessoas.

A formação de um imenso mercado

No final do século XIX, o crescimento populacional e urbano e o aumento do poder aquisitivo dos trabalhadores permitiram que indústrias de bens de consumo ampliassem sua produção.

O mais importante símbolo da massificação do consumo foi a produção do Ford T, fabricado pela primeira vez em 1908, nos Estados Unidos. Em 19 anos de fabricação, mais de 15 milhões de unidades do Ford T foram comercializadas nos Estados Unidos. Henry Ford, o inventor do primeiro carro popular, transformou um artigo até então de luxo em produto de massa.
Além do automóvel, outros produtos e serviços passaram a compor o cotidiano da classe média e dos trabalhadores,como o fogão a gás, utensílios domésticos de vidro e de ferro, sabões industrializados, a bicicleta e os periódicos. Em 1890, pela primeira vez, um jornal britânico atingiu a tiragem de  1 milhão de exemplares.

A indústria alimentar

O crescimento da população urbana gerou grandes dificuldades de abastecimento alimentar nos centros comerciais e industriais europeus. Parte dessas dificuldades foi solucionada com a expansão da produção agrícola e pecuária em outros continentes, principalmente na América. A importação de carnes e produtos agrícolas foi favorecida pela melhoria dos sistemas de transporte marítimo e ferroviário.

O fator decisivo para assegurar o abastecimento de uma população cada vez mais numerosa foi o desenvolvimento da indústria de conservas. As experiências com a conserva de alimentos se iniciaram noséculo XVIII, mas só no século XX, pequenas indústrias de conservas, principalmente de leguminosas, estavam instaladas na França, na Alemanha,na Itália, na Suíça e na Grã- Bretanha.

No entanto, foi nos Estados Unidos onde primeiro se instalou uma indústria alimentar para grandes mercados consumidores. Alguns produtos alimentares, entre os quais o refrigerante e a farinha láctea, já eram amplamente consumidos há mais de cem anos. As grandes empresas alimentícias, em 1890, já apareciam no ranking das maiores empresas do país.

Da cultura erudita à cultura de massa
As artes da nova era industrial conquistaram amplos setores da classe média e dos trabalhadores.

A popularização das artes.

A industrialização e o crescimento das cidades produziram grandes mudanças nas artes européias. O aumento do poder aquisitivo da  classe média urbana e a ampliação do contingente de trabalhadores alfabetizados e instruídos permitiram que um público maior tivesse acesso a uma produção cultural antes restrita às elites.
O número de teatros triplicou na Alemanha no final do século XIX, passando de duzentos a seiscentos, e reproduções baratas de obras de grandes mestres da pintura eram abundantes na Inglaterra.A ópera Carmem, de Bizet, tornou-se um sucesso de público, incomodando a burguesia tradicional, habituada a ver a ópera como um espetáculo exclusivo dos ricos e eruditos.
O crescente interesse pela cultura estimulou também muitos artistas a tentar ganhar o sustento com sua própria criação.A profissionalização do artista foi favorecida pela expansão da imprensa diária e da indústria da publicidade, que ajudavam a divulgar exposições de quadros,espetáculos teatrais e publicações literárias.

A arte supera as fronteiras nacionais

O desenvolvimento notável dos transportes e das comunicações, em particular das ferrovias e do sistema de correios, favoreceu o intercâmbio cultural entre os países. Intelectuais e artistas se dispersaram pelo mundo como imigrantes, turistas e refugiados políticos, levando com eles suas obras e ideias. A escola de pintura de Paris, por exemplo, pôde contar com a presença do pintor espanhol Pablo Picasso e do russo Marc Chagal, enquanto escritores norte-americanos foram morar na Inglaterra. O balé da Rússia conquistou o público europeu ocidental no início do ´seculo XX e a literatura daquele país, traduzida, tornou-se conhecida e apreciada no Ocidente.

A indústria do lazer e da arte

O acesso da população trabalhadora às atividades culturais e de lazer foi favorecido pela redução da jornada de trabalho nos países europeus, uma das mais importantes conquistas do movimento operário do início do século XX. Além da jornada de trabalho, de dez horas, os trabalhadores tinham direito ao descanso dominical.
Pessoas do povo encontraram nos espetáculos musicais, nos salões de dança e no cinema o paraíso do entretenimento.
As tabernas, os salões de dança e concerto, além dos bordéis, se expandiram na Europa, atraindo boêmios, jovens em busca de aventuras amorosas, solitários e pobres em geral. Nesses espaços, faziam sucesso gêneros de dança populares, como o flamenco, nascido na região da Andaluzia, na Espanha, e o tango, importado dos bordéis argentinos no início do século XX. Essas artes, originalmente populares, aos poucos conquistaram setores da classe média e da burguesia.
Ou seja, a circulação cultural se torna maior: o que antes ficava restrito a um segmento da sociedade (cultura popular ou burguesa) passa a ser consumido por todos.

O cinema

Foi o cinema, porém, que se transformou na arte das multidões. Nenhuma arte expressou tão bem o triunfo da técnica e a sociedade de massas como o cinema, a única, até então, que só poderia surgir na era industrial. O movimento da câmera, os truques fotográficos, a possibilidade de cortar as tiras de celulóide e montá-las ao gosto do diretor, avanços permitidos pela tecnologia, libertaram as encenações dos limites impostos pelo tempo e pelo espaço.

A primeira exibição cinematográfica foi feita pelos irmãos Luciére, na França, em 1895. No mesmo período outras projeções curtas ocorreram em Berlim, Londres, Bruxelas e Paris. Nas cidades italianas, no início do século XX, já existiam 500 salas de cinema.

Nos Estados Unidos, os pioneiros do cinema foram os imigrantes judeus pobres e arrojados, que resolveram produzir filmes para setores pouco instruídos, que pagavam entradas de 5 centavos de dólar para ver um espetáculo de entretenimento. Nos anos 1920, os Estados Unidos já brilhavam como o centro mundial do cinema.